Em Campinas (SP), a Polícia Federal realizou na manhã de quarta-feira (28/08/2024) uma operação contra grupo de empresas que atuava, juntamente com escritórios de advocacia, na “blindagem” do fluxo de caixa de pequenos negócios.
As supostas Fintechs, ofereciam para empresas com pendencias financeiras a possibilidade de movimentar seus ativos sem deixar rastros. Assim, os credores das empresas insolventes não conseguiam encontrar o patrimônio dos devedores.
De acordo com a investigação, o grupo criou dois bancos digitais (fintechs) não autorizados pelo Banco Central (Bacen). As fintechs criavam contas “gráficas”, que eram anunciadas e vendidas aos clientes como contas “garantidas”, “invisíveis” ao sistema financeiro.
As contas gráficas propiciavam aos clientes a “blindagem” contra ordens judiciais de bloqueio, penhora e rastreamento de valores financeiros. Essas contas gráficas são popularmente conhecidas como e-wallets, que na tradução para o português, podem ser chamadas de carteiras digitais ou carteiras eletrônicas.
As carteiras digitais tem função semelhantes as funções das carteiras físicas – aquelas de couro que antigamente guardavam as cédulas de dinheiro em papel. Adaptadas ao meio digital, as e-wallets são utilizadas em forma de aplicativos (aplicações de internet) criados para smartfones e computadores e tem a função de guardar montantes de dinheiro fora das instituições financeiras.
A investigação da Polícia Federal visa descobrir como ocorria a proteção dessas contas, que ocultavam operações financeiras realizadas com dinheiro de procedência desconhecida. Suspeita-se que os investigados, se beneficiando da sua posição de instituição de pagamentos, realizavam as operações financeiras (pagamentos, depósitos e transferências de valores) por meio de contas bolsões, que estavam hospedadas em bancos devidamente registrados no Banco Central.
Conforme as informações disponibilizadas pela Polícia Federal, o grupo que atuava em 15 municípios dos estados de São Paulo e de Minas Gerais, durante suas operações, movimentou R$ 7.5 bilhões de reais. Em 28/08/2024, as supostas fintechs sofreram um bloqueio de R$ 850 Milhões de reais em contas que são associadas ao grupo.
Ainda não se sabe quantas empresas e pessoas físicas serão diretamente afetadas pelo bloqueio, mas deve atingir o patrimônio real de milhares de clientes do interior do estado de São Paulo e de Minas Gerais. Infelizmente, como o grupo atuava com uma instituição de pagamento, os valores de saldo que apareciam nas carteiras digitais dos clientes (e-wallets) não estão cobertos pelo “seguro” do FGC. Assim a devolução dos valores bloqueados deve ser pleiteada diretamente com a instituição.
Fontes:
https://www.infomoney.com.br/guias/fgc/
https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/instituicaopagamento
https://www.fgc.org.br/garantia-fgc/sobre-a-garantia-fgc
https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2024/08/28/pf-faz-operacao-contra-quadrilha-que-movimentou-r-75-bilhoes-em-fraudes-financeiras.ghtml